Realmente faltam 10 dias para o início das eleições para Reitor, mas é óbvio que de contagiante essas eleições estão muito a desejar. Eu precisava, contudo, arrumar um jeito para comemorar com vocês a data de hoje (1º de abril, Dia da Mentira) fazendo alguma graça. Mas não muita, pois não temos muito o que comemorar!
Para quem não sabe: "No Brasil, o primeiro de abril começou a ser difundido em Minas Gerais, onde circulou A Mentira, um periódico de vida efêmera, lançado em 1º de abril de 1828, com a notícia do falecimento de Dom Pedro, desmentida no dia seguinte. A Mentira saiu pela última vez em 14 de setembro de 1849, convocando todos os credores para um acerto de contas no dia 1º de abril do ano seguinte, dando como referência um local inexistente" (vide o verbete completo sobre o Dia da Mentira na Wikipédia: clique AQUI).
Peço perdão a meus amigos mineiros, mas vou ter que lembrar um outro fato, não tão engraçado quanto aqueles acima narrados, mas que também vieram das Minas Gerais num dia 1º de abril: o Golpe Militar de 1964.
Brevemente, poderíamos lembrar que no dia 28 de março de 1964, na cidade de Juiz de Fora, os generais Olímpio Mourão Filho e Odílio Denys se reuniram com o Governador de Minas Gerais o banqueiro Magalhães Pinto. Meus amigos da UFJF também me perdoem, mas parece que as coisas começaram por lá mesmo.
Em 31 de março de 1964 o general Olímpio Mourão resolveu intempestivamente partir com suas tropas para o Rio de Janeiro às três horas da manhã. Mas outro General importante no desenrolar da história, de nome Castello Branco, ao saber da partida de Olímpio Mourão, telefonou para Magalhães Pinto com o intuito de segurar o levante, por medo dos "legalistas" (aqueles que poderiam tentar impedir o Golpe).
Para encurtar a história, só conseguiram segurar até o dia 1º de abril, dia da mentira mais cruel de nossa história, diante da qual estamos pagando um preço muito alto até hoje. Culpa dos golpistas mineiros? Não. Eles só adiantaram o processo, pois os golpistas de toda a parte já estavam com a situação dominada naquela ocasião.
Triste história, não é? Não tem a menor graça.
Pois bem: perdemos cerca de 40 anos de exercício político e, portanto, de amadurecimento político; isso se formos levar em conta que o processo de democratização de nosso país, lento e gradual, só permitiu que um presidente como Lula alcançasse o cargo máximo de nosso país em 2003, através do voto popular e em eleições livres realizadas em 2002.
Longo foi o percurso, mas o Brasil precisa ainda avançar muito nesse campo. É só pensarmos que os mecanismos e instrumentos para o exercício da democracia não se estabeleceram nem na educação básica e sequer na Maior Universidade do País: a UFRJ!
E onde está o nosso "povo" universitário? Onde estão os estudantes? Entretidos com o Pão e o Circo? O que é ainda pior: onde estão os professores dessa geração de jovens que não encontram na Universidade um espaço de formação para a vida política?
Lamentável, mas não podemos exigir muito de quem viveu a maior parte de suas vidas sob um regime autoritário. (Óbvio que não estou falando aqui dos estudantes...)
Quanto àqueles que tem os olhos bem abertos, cuidado com o dia de hoje. Lembrem dos fatos que marcaram o 1º de abril de 1964. O Brasil perdeu aproximadamente 40 anos e nós não podemos perder os próximos 4 anos, que é o tempo do mandato de um Reitor!
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